Escadas abaixo
Esta é histórica. Não lembro em que ano foi, deve ter sido em uma das minhas primeiras viagens à Europa, talvez em 1993. Não importa: àquela época, o Papa parecia pular amarelinha de tão bem que estava. Era inverno, devia ser janeiro ou fevereiro, Roma não estava tão lotada assim - apesar de que a cidade nunca parece estar vazia. Devia ser um domingo.
A cena aconteceu quando voltávamos eu, meu pai e minha mãe da cúpula da Basílica de São Pedro. Subimos uns trocentos degraus espremidos numa passagem estreita e descemos outros em condições nada diferentes. Tal como na conquista do Everest, a viagem ao píncaro do Vaticano se dá por etapas. Tanto na ida quanto na volta, pára-se no que seria o telhado da nave para dar uma respirada. Nesse platô, há providencial lojinha de suvenires.
Bem: entramos na lojinha, na qual um pequeno televisor sintonizava, ao vivo, uma oração de João Paulo II de um local que parecia ser fechado. Como num transe coletivo, eu, meu pai e minha mãe começamos a chorar. Afinal, nós estávamos a poucos metros acima de uma bênção do Papa!
Meu pai pediu silêncio e se voltou à TV. Minha mãe deu de chorar. Eu, disposto a não perder a chance de ver o Papa de perto, saí feito um alucinado escadas abaixo para aterrissar o quanto antes na nave. Era uma seqüência infindável de caracóis. Quando finalmente cheguei ao térreo, parecia que a Basílica de São Pedro tinha acabado de fechar. Estava tudo tão calmo, que mais parecia que João Paulo estava a quilômetros dali.
E realmente estava. A bênção de fato era ao vivo, mas de Assis, cidadezinha de São Francisco. Soube disso interpelando um segurança. Desolado, fiquei desesperado ao me dar conta de que meus pais estavam lá na lojinha - e eu, solto no Vaticano, sem uma lira no bolso.
Reencontraria meus pais algumas voltas na nave depois, sob os gritos de "louco! Insano!". Paciência. O jeito era ir à Fontana de Trevi, jogar as moedinhas para trás e torcer para voltar a Roma logo.
Esta é histórica. Não lembro em que ano foi, deve ter sido em uma das minhas primeiras viagens à Europa, talvez em 1993. Não importa: àquela época, o Papa parecia pular amarelinha de tão bem que estava. Era inverno, devia ser janeiro ou fevereiro, Roma não estava tão lotada assim - apesar de que a cidade nunca parece estar vazia. Devia ser um domingo.
A cena aconteceu quando voltávamos eu, meu pai e minha mãe da cúpula da Basílica de São Pedro. Subimos uns trocentos degraus espremidos numa passagem estreita e descemos outros em condições nada diferentes. Tal como na conquista do Everest, a viagem ao píncaro do Vaticano se dá por etapas. Tanto na ida quanto na volta, pára-se no que seria o telhado da nave para dar uma respirada. Nesse platô, há providencial lojinha de suvenires.
Bem: entramos na lojinha, na qual um pequeno televisor sintonizava, ao vivo, uma oração de João Paulo II de um local que parecia ser fechado. Como num transe coletivo, eu, meu pai e minha mãe começamos a chorar. Afinal, nós estávamos a poucos metros acima de uma bênção do Papa!
Meu pai pediu silêncio e se voltou à TV. Minha mãe deu de chorar. Eu, disposto a não perder a chance de ver o Papa de perto, saí feito um alucinado escadas abaixo para aterrissar o quanto antes na nave. Era uma seqüência infindável de caracóis. Quando finalmente cheguei ao térreo, parecia que a Basílica de São Pedro tinha acabado de fechar. Estava tudo tão calmo, que mais parecia que João Paulo estava a quilômetros dali.
E realmente estava. A bênção de fato era ao vivo, mas de Assis, cidadezinha de São Francisco. Soube disso interpelando um segurança. Desolado, fiquei desesperado ao me dar conta de que meus pais estavam lá na lojinha - e eu, solto no Vaticano, sem uma lira no bolso.
Reencontraria meus pais algumas voltas na nave depois, sob os gritos de "louco! Insano!". Paciência. O jeito era ir à Fontana de Trevi, jogar as moedinhas para trás e torcer para voltar a Roma logo.